sexta-feira, 28 de junho de 2013

A estratégia francesa para lidar com cortes do orçamento



Caça Rafale

Entrevista do General Denis Mercier chefe da Armée de l’Air ao site Defense News publicada no dia 06 de Junho revelou mais detalhes de como a Força Aérea francesa está lidando com os cortes e alterações descritas no recente Livro Branco de Defesa para manter a capacidade operacional.

Há nove meses no cargo, o general disse que a prioridade é manter a capacidade da Força Aérea em reagir a situações como a Líbia e o Mali, mesmo com o orçamento apertado. Ele explicou que haveriam dois momentos distintos em operações como essas. Um primeiro momento na entrada, que exigiriam um “atividade de alto nível” e outro posterior que seria a capacidade de manter a operação.

Pensando nisso, a Força Aérea criou um esquema onde, a partir de 2016, terá um primeiro escalão de pilotos, altamente treinados em um alto estado de prontidão. Como também teria um segundo nível de pilotos com menos formação, com maior número de horas vôo feitos em treinadores, que seriam utilizados para sustentar as operações nessa “segunda fase” menos exigente. Esse esquema seria tanto para pilotos de caças como para outras aeronaves. Conforme disse Mercier: “É uma questão de dinheiro. Não podemos treinar todos esses caras para as mais altas missões”.

Um ponto interessante da entrevista é quando o General fala em número de horas/ano para o treinamento de pilotos de Rafale. Para os pilotos serem altamente treinado ele considera que o mínimo sejam 180 horas por ano e que o nível de 150 horas atual não seria suficiente. Já o segundo escalão teria cerca de 40 horas no Rafale e cerca de 140 horas em um treinador mais barato.

Quando questionado sobre o tipo de aeronave para treinamento, o General afirmou que estão pensando em várias soluções, mas o tipo que teria em mente seria algo como Pilatus PC-21. A ideia é iniciar uma licitação para ter os aviões até o final de 2016.

Pilatus PC-21

Quanto aos Mirage 2000Ds eles serão atualizados para manter a frota em operação até 2025. No próximo ano haverá a retirada de serviço de alguns Mirage 2000 e Mirage F-1s. O Rafale continua a ser prioridade, mas as entregas seriam desaceleradas, tendo em vista as exportações. Eles seriam produzido além de 2020, porque substituirão os Mirages 2000D. A intenção é manter uma dinâmica permanente na modernização da frota.

Outras prioridades seriam os carguerios e aviões tanque Airbus para substituir os C-135 com mais de 50 anos de idade e o transporte estratégico. A meta é ter o primeiro em serviço em 2017, mas isso ainda estaria em discussão. O Livro Branco de Defesa definiu 12 aeronaves ao invés do 14 originalmente planejadas, mas isso seria um reflexo do corte no número de caças. A configuração do avião tanque teria uma porta de carga para garantir o uso como transporte.

Sobre o Conflito do Mali o General tirou como aprendizado a importância da organização do comando e da capacidade de reação rápida em horas que só é permitida com a integração de dados. Ele citou a melhoria da rede com o uso do Link 16 que esta permitindo divulgar dados aéreos e terrestres do Mali para a França, graças a uma comunicação por satélite integrada a frota de caças.

A entrevista também deixa claro um certo desconforto entre o atual chefe da Armée de l’Air e a redução do número de aviões tanques e cargueiros imposta pelo Livro Branco de Defesa. O ritmo de entregas e o número total ainda estariam em discussão. Até o momento, não haveria decisões.

A400M

Para que a frota de transporte aéreo não fosse afetada até a entrega dos A400M, seria mantidos os C-160 mais tempo do que o planejado e os C-130 passariam por uma atualização para mantê-los além de 2025.

Com relação a UAVs, a curto prazo, a força estaria aguardando a decisão do ministro na aquisição de 12 unidades, onde o favorito do general seria o Reaper, mas isto ainda estaria em discussão, inclusive com os israelenses. A meta é ter as primeiras plataformas em serviço antes de 2017. Um UAV desenvolvido na Europa, devido aos atrasos, estaria sendo considerado mais para longo prazo.

Adaptação Cavok do original do Defense News

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