Antonio Carlos Mazzeo*
Depois de apoiar descaradamente as brutais ações repressivas da PM de Alckmin às manifestações contra o aumento da tarifa nos transportes, Haddad dá um giro de oportunidade e agora, diz que a polícia "não cumpriu os protocolos"!? Com a maior cara de pau Haddad vem a público dizer que "não tem nada com isso".
Ora prefeito, tenha dignidade e assuma que aceitou gostosamente que Alckmin fizesse o trabalho sujo para o senhor. Até porque não dá para sustentar essa mentira deslavada. O senhor e sua vice-prefeita vieram a público criminalizar o Movimento Passe Livre, chamar seus militantes de "vândalos" e "baderneiros". Pior, aliando-se à conhecida truculencia do PSDB, prefeito e vice-prefeita anunciaram que não iriam negociar com o movimento.
Agora, como diz o ditado, a água bateu no trazeiro. A força das manifestações , as pressões da sociedade, que majoritariamente apoia a redução da tarifa e a exacerbação da repressão tresloucada da PM, no dia 13, o fizeram "recuar" e dizer que vai receber as lideranças do movimento na próxima terça feira.
Mas não nos enganemos. O fato de receber a liderança do MPL não é por "crise de consciência" ou por reconhecimento de sua ação reacionária, errática e pró-empresários dos transportes públicos. As manifestações já puseram Haddad e seu mais novo aliado, Alckmin na parede. Decididamente o governo municipal do PT/PCdoB, Haddad e Nádia Campeão e seu aliado Alckmin foram esmagados politicamente pelo Movimento Passe Livre.
Não adiantou o desespero, não valeu a porradaria indiscriminada garantida pela aliança esdrúxula com o governador Alckmin. Tudo isso acabou como um tiro no pé! Até a grande imprensa, que de primeira hora apoiou a repressão ao movimento, se distanciou de tanta barbárie cometida na última quinta feira, quando até seus jornalistas foram alvo da ação tresloucada de uma polícia radicalmente antidemocrática, obsoleta e caudatária da ditadura militar.
Efetivamente a postura de Haddad e de Nádia Campeão só expressaram o posicionamento político de seus partidos em relação ao crescimento dos movimentos populares e dos trabalhadores, que se opõem à política do governo Dilma e de seus aliados. Não é de hoje que vemos o endurecimento do governo do PT e de seus aliados, em relação às reivindicações dos trabalhadores, a criminalização dos movimentos de trabalhadores do campo, a repressão e massacre dos povos indígenas e quilombolas, as ameaças aos funcionários públicos, a invasão dos Campi Universitários federais com o arrestamento de estudantes! Mas é justo dizer que Haddad não está sozinho. A cara de pau é também extensiva ao ministro da "justiça" José Eduardo Cardozo (o "Cardozão") que também aderiu ao oportunismo generalizado do PT e depois de oferecer a PF para investigar as lideranças do Movimento Passe Livre, agora diz que que "é contra a violência policial"!
O fato é que pegou mal. A sociedade recusou a violência incompetente de Alckimn e vem rejeitando o descarado apoio do PT ao agronegócio (tendo como operadora privilegiada Gleisi Hoffmann). Repudia o assassinato de índios. É nítida a insatisfação popular com a política econômica do governo Dilma, com a fúria privatista, com a inflação e com o encolhimento progressivo das políticas sociais, a insatisfação com a situação da saúde e da educação públicas.
Não adianta tergirversar, Haddad e Nádia Campeão vão ter que recuar, não somente abrindo conversações com a liderança do Movimento Passe Livre, como terão que por em discussão um aumento abusivo que sequer foi discutido com a sociedade e principalmente com os trabalhadores.
A próxima segunda feira promete mais gente na manifestação, o que significa dizer, maior tensionamento que irá diminuir mais ainda, o espaço da esmagada prefeitura de São Paulo. Até porque o espaço político está pequeno também para Alckmin, em que pesem suas bravatas proto-fascistas.
O movimento tem demonstrado coerência e acerto na análise e na sua ação política. Quarta feira, seguramente, será outro dia .... senhor prefeito ...
"Eu pergunto a você Onde vai se esconder. Da enorme euforia , Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar. Água nova brotando E a gente se amando Sem parar"
*Antonio Carlos Mazzeo é membro do COmitê Central do Partido Comunista Brasileiro - PCB.
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