Brasil espera apoio da CPLP à candidatura para a direção-geral da OMC
Roberto Carvalho de Azevêdo concorre com outros oito concorrentes, dois da América Latina
O governo brasileiro espera apoio de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste à candidatura do embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo ao cargo de diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). O diplomata brasileiro se reuniu na sexta-feira (08/02), em Lisboa, com o Comitê de Concertação Permanente da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) e também visitou o chanceler português Paulo Portas.
“Há uma imensa simpatia pela candidatura brasileira. As expectativas são muito boas”, disse Azevêdo ao final da tarde, após terminar os encontros na capital portuguesa. “[Os países da CPLP] têm proximidade de visões comerciais e na participação nos organismos multilaterais e [mantêm] uma tradição de atuação articulada”, acrescentou.
O secretário-executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Isaac Miguigy Murargy, mostrou-se empenhado e prometeu “agir”. O diplomata explicou que após a apresentação de Roberto Azevêdo à CPLP as representações “vão transmitir” aos seus respectivos governos as pretensões brasileiras.
O apoio da CPLP foi decisivo para a eleição em 2011 do brasileiro José Graziano ao posto de diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), lembrou Murargy. Ele ressaltou a “capacidade de articulação política e diplomática” da comunidade devido aos Estados-membros terem participação e influência em respectivos organismos regionais, como a União Africana, a União Europeia e o Mercosul.
O apoio dos organismos regionais pode ser fundamental em uma disputa que tem nove candidatos. Em 2005, quando o Brasil lançou a candidatura do embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa ao mesmo cargo houve mal-estar diplomático no Mercosul por causa da concorrência com candidatura uruguaia de Carlos Pérez del Castillo, que recebeu de imediato apoio argentino.
Desta vez, os concorrentes regionais do Brasil são o México (Herminio Blanco) e a Costa Rica (Anabel González). Para Azevêdo, a concorrência regional pode ser positiva. "Isso enriquece o processo, pois apresenta candidaturas que mostram visões distintas e particulares. Também demonstra que a América Latina como um todo está tentando contribuir para o enriquecimento do sistema multilateral".
Além dos três países latino-americanos, têm candidatos a Nova Zelândia – que já ocupou o posto –, a Coreia do Sul, Indonésia, Jordânia, Gana e o Quênia.
O brasileiro foi o último a apresentar a candidatura (31 de dezembro de 2012). O rito da eleição é bastante demorado, vai até o final de maio, e todas as representações diplomáticas da OMC deverão indicar inicialmente três candidaturas pelas quais simpatizem. As decisões na OMC são tonadas por consenso das 155 representações. O mandato do futuro diretor-geral começa em setembro. A diplomacia russa já admitiu à Agência Brasil apoiar o candidato brasileiro.
Azevêdo é diplomata desde 1984 e atua na OMC desde 1998. Ele é o principal negociador brasileiro em questões-chave como a retomada da Rodada Doha, tratado de liberalização comercial travado desde 2005. “Não tenho uma solução pronta para destravar o impasse da rodada. Mas muitas das vezes em que ajudei a desbloquear uma negociação eu também não tinha uma solução pré-concebida”, disse no lançamento de sua candidatura na sede da OMC em Genebra
FONTE: Opera Mundi
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