sábado, 25 de maio de 2013

Dilma destaca autonomia do continente africano durante reunião na Etiópia

Perdão de dívidas e acordos em agricultura marcaram visita da presidente na comemoração da União Africana

Em discurso na comemoração do aniversário de 50 anos da União Africana, a presidente Dilma Rousseff destacou a importância da autonomia tanto do continente africano quanto da América Latina, assim como a importância da cooperação entre ambos.

Reprodução/Agência Brasil
Presidente Dilma Rousseff durante comemoração dos 50 anos da União Africana

"Os avanços da União Africana, como os da Unasul [União de Nações Sul-Americanas] encerram um ensinamento fundamental: quem deve resolver os problemas das nossas regiões somos nós mesmos, respeitando sempre as diferenças que porventura existem entre nós", disse.

Dilma Rousseff representa a América Latina no encontro da União Africana em Adis Abeba, capital da Etiópia. No discurso, disse que o Brasil tem muitas semelhanças com o continente africano, "O Brasil vê o continente africano como um irmão e vizinho próximo". "Mais da metade dos quase 200 milhões de brasileiros tem ascendência africana", continuou a presidente, que qualificou essa circunstância como motivo de "riqueza da nação".


Dilma destacou que o Brasil tem um genuíno interesse nas relações com a África e citou como exemplo a representação diplomática que o país tem no continente africano, com 37 embaixadas para 54 países, e projetos de cooperação técnica em 40. Brasília se tornou a capital da América Latina com o maior número de embaixadas de países africanos, que hoje somam 18."Nossos interesses comuns são amplos: buscamos o desenvolvimento, o que exige a promoção da inclusão da nossa população aos ganhos e riquezas de nosso país".

A presidenta reforçou também o interesse em ampliar para além das relações comerciais a cooperação com o Continente Africano, em uma cooperação Sul-Sul. A intenção é garantir "avanços e lucros mútuos para ambas as partes".

Ela finalizou o discurso com uma metáfora: "Chegou a hora de o leão africano escrever sua história, assim como a onça brasileira escrever a sua". Na manhã deste sábado, participou de encontros bilaterais com os presidentes da Guiné, do Gabão, Quênia e Congo, após a comemoração do jubileu.

Perdão da dívida

Dilma também anunciou o perdão e a reestruturação de dívida externa de 12 países africanos no valor de US$ 840 milhões, afirmou à Agência Efe o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann.

Segundo ele, a medida ajudará a construir uma estratégia mais ampla para impulsionar os laços entre o país e o continente africano, que conta com algumas das economias de maior crescimento do mundo.

"Não é a primeira vez que o Brasil cancela dívida com países africanos. Fizemos antes, e esta vez é uma continuação da nossa cooperação com a África", afirmou Traumann.

O Brasil mantém com dezenas de países africanos amplos programas de cooperação em diversas áreas, com ênfase em desenvolvimento agrário, saúde, biocombustíveis, petróleo e gás, meio ambiente, comércio e educação, entre outras.

Na última década, também foram aumentados os vínculos políticos, e o Brasil abriu embaixadas em 19 países da África, chegando a um total de 37 missões diplomáticas nesse continente. Nesses mesmos dez anos, Brasília se tornou a capital da América Latina com o maior número de embaixadas de países africanos, 19.

Agricultura

O investimento em agricultura, democracia participativa, construção de infraestruturas, aumento das capacidades humanas e tecnológicas e em uma maior participação do Estado na economia são fundamentais para a transformação econômica da África, segundo o primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn.

Esses são os pontos básicos para a evolução econômica africana, enumerados durante a abertura do debate "Panafricanismo e Renascimento Africano”. Para Desalegn, o primeiro passo é investir em desenvolvimento agrícola, o que ajudaria a transformar as economias africanas de baixo para cima e tiraria milhões de pessoas da pobreza.

"É uma lição que podemos tomar de outras sociedades que se transformaram com sucesso", assegurou o líder etíope, também presidente rotativo da UA.

Segundo Desalegn, o aumento de capacidades humanas e tecnológicas acelerará o crescimento, enquanto o investimento em massa em infraestruturas servirá para canalizar o potencial econômico do continente.

Além disso, o primeiro-ministro etíope apostou em que o Estado se envolva na economia nacional de forma mais empreendedora, mas sem deslocar o importante setor privado.

Em relação à educação democrática, participação popular e repartição igualitária de riquezas, Desalegn considerou que criarão um ambiente sem o qual não é possível conseguir a paz nem o desenvolvimento.

Por sua parte, a presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini Zuma, disse que "a África tem que confiar em si mesma, em sua capacidade de ser a dona de seu destino", para conseguir seus objetivos de paz e prosperidade no próximo meio século.

Entre os participantes do debate estava a presidente Dilma Rousseff; o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang; e o secretário de Estado americano, John Kerry, junto com 50 líderes africanos e estrangeiros.

Dilma viajou acompanhada por uma comitiva de ministros, como Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Luiza Bairros (Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial) e Aloizio Mercadante (Educação), além do porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, empresários e assessores.

Criada em maio de 1963, a União Africana (que reúne 54 países) assumiu a função de buscar soluções internas para os conflitos envolvendo as distintas nações, assim como o processo de progressiva democratização e fortalecimento institucional. O intercâmbio comercial entre Brasil e África cresceu cinco vezes nos últimos dez anos, evoluindo de US$ 5 bilhões, em 2002, para US$ 26,5 bilhões, em 2012.

Agência Brasil

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