Um confronto entre deputados governistas e opositores interrompeu a sessão da Assembleia Nacional da Venezuela no fim da tarde desta terça-feira (30/04). Versões controversas foram dadas pelos legislativos presentes na sessão. As agressões não foram televisionadas devido a um corte na transmissão. Um vídeo, difundido pelo canal Globovisión, mostra imagens de diversos focos de socos entre legisladores, enquanto a sessão ainda era realizada.
Em coletiva de imprensa realizada após os incidentes, o deputado Pedro Carreño, do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), afirmou que o embate foi iniciado por opositores, que teriam agredido “vários” chavistas. “Desta maneira não civilizada, os conflitos não são dirimidos em democracia”, expressou. De acordo com Carreño, três deputadas foram agredidas no confronto: “Eles têm certo desprezo pelas mulheres. É normal o ataque às mulheres por parte da oposição”.
A versão é corroborada pela deputada Odalis Monzón, também governista, que declarou: “Hoje, várias deputadas e deputados fomos agredidos”. “Hoje vivemos mais um ato fascista dentro do parlamento venezuelano, mais um ato de violência liderado por eles, que são liderados pelo candidato opositor”, afirmou, fazendo alusão a Henrique Capriles, que não reconhece sua derrota na última eleição presidencial do país, realizada em 14 de abril.
De acordo com o jornal local El Nacional, a briga entre os legisladores teve início quando deputados da oposição utilizaram vuvuzelas para reivindicar seu direito de palavra, vetado nas últimas semanas pelo presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello, até que os mesmos reconheçam Nicolás Maduro como presidente do país.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro, por sua vez, rechaçou as ações violentas. “Não estamos de acordo com a violência. Nos dizem que houve essa desordem e sabíamos que a oposição vinha provocar a violência. Teve um forte cruzamento de mãos, isso não deve se repetir”, disse, complementando que pediu ao presidente da Assembleia tomar medidas de autoridade e disciplina para que fatos como estes não se repitam. “Temos que buscar a paz, a convivência, o respeito à Constituição e às leis”, disse, antes de pedir “tolerância infinita às ideias, à forma de pensar diferente”.
O deputado Julio Borges, da sigla opositora Primeiro Justiça, apareceu no estúdio da Globovisión com feridas e sangue no rosto, atribuindo a agressão a governistas: “Eu não sou o único que apanhou, bateram em vários deputados hoje”, disse, responsabilizando Cabello pelo clima de confronto. “Ele é quem ordena, com gente armada dentro da sala, guarda-costas que estão aí, o que já denunciamos, e nos nega o direito de palavra”, expressou.
Por meio de sua conta de Twitter, o deputado da Ação Democrática, Cesar Rincones, afirmou que “deputadas governistas” derrubaram com golpes a legisladora opositora Maria Corina Machado. “Isso está grave, senhores”, escreveu, depois de pedir ajuda aos meios de comunicação do país para que relatem as agressões. A deputada opositora Nora Bracho também escreveu na rede social que foi agredida.
Em coletiva de imprensa, deputados da aliança opositora argumentaram que as agressões tiveram início quando decidiram estender uma faixa, na qual se lia "golpe ao parlamento", em referência ao veto a seus pronunciamentos. De acordo com eles, a faixa teria sido arrancada violentamente das mãos dos legisladores que a levantavam, desatando a violência, da qual seriam vítimas. Segundo a bancada, pelo menos sete deputados opositores ficaram feridos.
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