sexta-feira, 19 de abril de 2013

Aliança polêmica e denúncias contra Cartes marcam fim de campanha no Paraguai

Candidatos não podem mais fazer eventos eleitorais a partir desta sexta-feira; paraguaios vão às urnas no domingo








No último dia de campanha para a eleição deste domingo (21/04), dois fatos dominaram os discursos dos principais candidatos à Presidência do Paraguai. Horacio Cartes, do Partido Colorado, criticou a polêmica aliança de última hora entre PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico) e Unace (do ex-general Lino Oviedo, morto em fevereiro deste ano), enquanto o liberal Efraín Alegre destacou as “manchas no passado” de seu adversário.

Ao subir no palco de seu comício na noite desta quinta-feira (19/04), Alegre usou a estratégia de lembrar diversas vezes das denúncias que pesam contra Cartes. Preso no final da década de 1980 por evasão de divisas, o empresário colorado também é investigado por contrabando de cigarros e vínculos com o tráfico internacional de drogas.

“O povo sabe onde está a máfia e onde está o Paraguai decente”, discursou Alegre em evento realizado perto do porto de Assunção, atrás do Palácio de los López. A fala foi interrompida em algumas oportunidades por seus simpatizantes, aos gritos de “Alegre sim, outro não”, “Alegre, te digo, a mudança está contigo” e “se sente, se sente, Alegre presidente”.

Vitor Sion / Opera Mundi 
Milhares de pessoas acompanharam o último dia de campanha de Efraín Alegre

Questionado sobre tais acusações nas últimas semanas, Cartes se esquiva do tema e argumenta que prefere fazer uma campanha de propostas, o que tem gerado efeitos positivos no eleitorado. “Cartes não tem maldade no coração. Não fica acusando os outros, como Alegre faz com ele”, afirmou a Opera Mundi o comerciante Gustavo Ramírez.

Aliança polêmica

A aliança entre PLRA e Unace, por sua vez, tem tido interpretações diferentes em cada um dos lados. Alegre busca mostrar a todo tempo que é o candidato de união nacional, por ser o representante de uma coalizão que reúne diferentes propostas (Oviedo, por exemplo, que deu origem à Unace, fez parte do Partido Colorado).

Vitor Sion / Opera Mundi
Efraín Alegre destacou as “manchas no passado” de Horacio Cartes

Já Cartes argumenta que será beneficiado pelo acordo eleitoreiro, anunciado há menos de duas semanas. “Penso que os oviedistas estão muito desiludidos e como um tsunami passarão a votar nos colorados”, disse em entrevista à rádio 1000. A Unace costuma obter votos principalmente da parcela mais conservadora da população paraguaia, que tem seu pensamento mais próximo do Partido Colorado do que do PLRA. 



Como a legislação do Paraguai proíbe a realização de pesquisas de intenção de voto nas duas semanas que precedem a eleição, não é possível avaliar o impacto que a aliança terá no resultado final. No último levantamento disponível, Cartes tinha 37,6% e Alegre, 31,7%. Os eleitores dispostos a votar no candidato da Unace eram 7,1%.

Agência Efe
Horacio Cartes criticou a polêmica aliança de última hora entre PLRA e Unace

O acordo, porém, tem sido muito criticado na imprensa local, que relaciona o apoio oviedista a Alegre com a compra de terras superfaturadas por parte do governo para reforma agrária. Uma parcela dessas propriedades era de líderes da Unace. O presidente do Congresso, Jorge Oviedo Matto, renunciou ao cargo após a divulgação dessa suspeita de favorecimento. O presidente do Paraguai, Federico Franco, é do mesmo partido que Alegre, mas não compareceu nem foi citado nenhuma vez no evento desta quinta-feira


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