quinta-feira, 4 de julho de 2013

Evgueni Primakov: EUA apresentaram ultimato ao Exército egípcio


© Voz da Rússia

O antigo primeiro-ministro russo Evgueni Primakov, ex-titular da pasta diplomática em 1996-99 e perito em questões do Oriente Médio, concedeu uma entrevista exclusiva à emissora Voz da Rússia.


Não partilho a opinião geral de que no início da Primavera Árabe a direção dos EUA e outros políticos ocidentais estavam eufóricos por esta ocasião. É que a Primavera Árabe levou ao derrubada de uma série de regimes autoritários apoiados pelos EUA e seus aliados. Em resultado disso, a situação começou a mudar.

Um exemplo elucidativo disso são os acontecimentos no Egito onde a Irmandade Muçulmana tomou conta do poder. Esta organização não inspirou as transformações revolucionárias no país, mas sendo uma força bem organizada, se aproveitou da vitória sobre o antigo regime.

Ao chegar ao poder, o presidente Mohamed Mursi, com o tempo, se afastou dos princípios do Estado laico, tendo alargado ao máximo as suas funções sob o pano de fundo da piora econômica.

O que evidencia a larga escala de protestos que acabaram por causar a sua demissão forçada? Os eventos mais recentes vêm evidenciar que a maioria dos crentes que professam a religião islâmica não concorda com a islamização do Estado.

Segundo a mídia, os EUA procuram assumir o controle sobre a crise, concentrando, contudo, a pressão sobre o Exército, Dizem que “no caso de um golpe militar, será suspendida a assistência financeira anual que se estima em 1,3 milhões de dólares”.

As ameaças surgiram no momento em que o Exército declarou não ter intenção de lutar contra o seu povo, procurando encontrar uma saída pacífica para a situação de crise. Os EUA apresentaram um ultimato ao Exército egípcio no momento em que muitos acreditam ser exatamente o Exército a única força capaz de prevenir o derramamento de sangue.

Como se sabe, os EUA tinham estabelecido contatos com a Irmandade Muçulmana, segundo revelou a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton. Daí surge a pergunta: se, nesta fase da crise, os EUA tentam apoiar as aspirações democráticas dos egípcios que redundam em largas ações de protesto contra a Irmandade Muçulmana? Acho que não.



Voz da Rússia

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