sábado, 30 de março de 2013

Do 14-bis ao 14-X

Aeronave que voa a mais de 11.000 km/h coloca o Brasil na elite da engenharia aeroespacial e na iminência de superar tecnologicamente os EUA

Lucas Bessel

Em um laboratório em São José dos Campos, interior de São Paulo, a aeronave mais avançada do Brasil ganha forma. Batizado de 14-X, o aparelho tem nome inspirado na mais famosa máquina voadora Brasileira, o 14-bis. Em comum com o avião de Santos Dumont, o 14-X tem o poder de garantir para o País um lugar no pódio da tecnologia aeroespacial. Não tripulado, o modelo é hipersônico, capaz de atingir dez vezes a velocidade do som (mais de 11.000 km/h). As propriedades do 14-X colocam o Brasil no seleto grupo de nações – ao lado de Estados Unidos, França, Rússia e Austrália – que pesquisam os motores scramjet, que não têm partes móveis e utilizam ar em altíssimas velocidades para queimar combustível (no caso, hidrogênio). Outra característica do veículo desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados da Força Aérea Brasileira (IEAv) é que ele é um "waverider", aeronave que usa ondas de choque criadas pelo voo hipersônico para ampliar a sustentação. É como se, ao nadar, um surfista gerasse a onda na qual irá deslizar.

O projeto nasceu em 2007, quando o capitão-engenheiro Tiago Cavalcanti Rolim iniciou mestrado no ITA e foi aprovado com uma tese sobre a configuração "waverider". Cinco anos depois, a teoria está prestes a virar prática. O primeiro teste do 14-X em voo, ainda sem a separação do foguete utilizado para a aceleração inicial, ocorrerá neste ano. Em seguida, a Força Aérea planeja outros dois experimentos: um com acionamento dos motores scramjet, mas com a aeronave ainda acoplada, e outro com funcionamento total, quando a velocidade máxima deve ser atingida. "Se formos bem-sucedidos nesses ensaios, estaremos no topo da tecnologia, embora com um programa muito mais modesto do que o dos americanos", diz o coronel-engenheiro Marco Antonio Sala Minucci, que foi diretor do IEAv durante quatro anos e é um dos pais do 14-X.

O grande desafio no desenvolvimento da tecnologia de altíssimas velocidades é a construção dos motores scramjet. Um engenheiro ligado ao projeto compara a dificuldade de ligar tais propulsores a "acender uma vela no meio de um furacão". Por isso, o IEAv realiza os testes do primeiro protótipo no maior túnel de choque hipersônico da América Latina, no próprio laboratório do instituto. Diferentemente do que ocorre em turbinas de aviões, esse motor não usa rotores para comprimir o ar: é o movimento inicial, gerado pelo foguete, que fornece o fôlego necessário. No 14-X, os propulsores scramjet são acionados a mais de 7.000 km/h.

"Esse será o caminho eficiente de acesso ao espaço em um futuro próximo", diz Paulo Toro, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do 14-X. As aplicações práticas vão além do lançamento de satélites ou dos voos suborbitais. Os EUA, que testam sua aeronave batizada de X-51, pretendem usar a tecnologia em mísseis intercontinentais. Entre os civis, a esperança é de que o voo hipersônico possa se tornar uma realidade em viagens turísticas. Ir de São Paulo a Londres em apenas uma hora não seria nada mau.

Istoé 


sexta-feira, 29 de março de 2013

coreia do norte declaro estado de guerra com a vizinha do sul


Comunicado foi assinado por todas as instituições do governo norte-coreano
SEUL — No mesmo dia em que o presidente Kim Jong-un anunciou o início dos preparativos para atacar com mísseis bases militares americanas na Coreia do Sul e no Pacífico, a Coreia do Norte declarou oficialmente que está em “estado de guerra” com o país, de acordo com a agência oficial de notícias KCNA. O governo norte-coreano afirma que suas ameaças são uma resposta às “provocações inconsequentes” dos Estados Unidos, que fazem com o vizinho do sul um dos maiores exercícios militares do planeta durante março e abril. Tecnicamente, as duas Coreias estão em estado de guerra desde 1953, quando um conflito terminou com um armistício e não com um tratado de paz.

“A partir de agora, as relações Norte-Sul estão entrando no estado de guerra e todas as questões levantadas entre o Norte e o Sul vão ser tratadas sob o protocolo da guerra”, diz comunicado norte-coreano assinado conjuntamente por todas as instituições e órgãos do governo norte-coreano.

Os EUA defendem que o sobrevoo da península coreana com aviões de difícil rastreamento por satélites capazes de carregar ogivas nucleares não é uma provocação e que estão mais preocupados com as reações de seus aliados, Japão e Coreia do Sul, do que do regime comunista. Os B-2, como são chamadas essas aeronaves, fizeram disparos de treino na Coreia do Sul, o que irritou ainda mais os comunistas.

Seul considera que o fato de o Norte divulgar o plano de ataque demonstra que a estratégia é mais psicológica do que militar, embora tenha aumentado o monitoramento das tropas do país vizinho. Analistas apontam que o recrudescimento da linguagem bélica possa ser uma forma de Kim Jong-un, que tem cerca de 30 anos e está há menos de dois no cargo, se firmar no poder.

Existe a expectativa de que o regime de Kim faça uso do alarme de guerra gerado, dizem eles pela presença das tropas norte-americanas, para fazer os primeiros testes de seus mísseis de longo alcance KN-08, que são proibidos pela ONU. Na semana passada, o Pentágono justificou o anúncio de mais de US$ 1 bilhão para um escudo balístico no Alasca com a possibilidade de um ataque norte-coreano.

Pela manhã, dezenas de milhares de norte-coreanos participaram de uma demonstração de apoio à ameaça do Supremo Líder do país, Kim Jong-un, de fazer “um acerto de contas com os Estados Unidos”, com o bombardeamento de bases militares do país e de seu aliado, a Coreia do Sul. A manifestação pública, marcada por gritos de “morte aos imperialistas” e “eliminem os agressores americanos”, se soma a uma escalada de tentativas de intimidação que incluem reposicionamento de tropas, visitas a bases nucleares e corte de linhas de comunicação oficial com o vizinho.

- Não se trata de uma simples demonstração de força, mas de um ultimato que iniciará uma guerra nuclear a qualquer custo na península da Coreia - disse Kim, segundo a mídia estatal.

Alerta russo

Embora Kim Jong-un não estivesse presente na praça Kim II-sung, que leva o nome de seu avô, a mídia estatal do país divulgou que, numa reunião emergencial na madrugada de quinta-feira, o líder norte-coreano decidiu com o Supremo Comando a estratégia para atacar os EUA - no continente e nas bases militares do Havaí e de Guam, ao sul do Japão - e a Coreia do Sul.

Embora a China, principal aliada da Coreia do Norte, tenha mantido seu discurso oficial de negociação e diálogo inalterado nos últimos dias, a Rússia foi mais explícita e subiu o tom em relação às declarações das semanas anteriores. O ministro das relações exteriores, Sergei Lavrov, disse a repórteres em Moscou que estava ficando mais preocupado que a situação “fugisse do controle” num “ciclo vicioso”.

- Estamos preocupados que, com a adequada reação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma reação coletiva da comunidade internacional, estejam sendo tomadas ações unilaterais - disse Lavrov, numa clara alusão aos EUA.

Norte-coreanos fazem manifestação de apoio a eventual ataque aos EUA




O ato foi realizado na praça Kim Il-Sung e reuniu soldados – Kim Jong-Un não estava presente

Dezenas de milhares de militares e civis norte-coreanos marcharam no centro de Pyongyang nesta sexta-feira (29) em uma grande demonstração de apoio a um eventual ataque militar contra os Estados Unidos. O ato foi realizado na praça Kim Il-Sung e reuniu soldados, ex-combatentes, trabalhadores e estudantes. Kim Jong-Un, o líder da Coreia do Norte, não estava presente.

A televisão nacional informou que a manifestação foi organizada em apoio à decisão do Exército norte-coreano, tomada na terça-feira e ratificada pelo líder do país nesta sexta-feira, de ordenar preparativos utilizando ataques com mísseis contra o continente americano e contra as bases dos Estados Unidos no Pacífico, em resposta aos voos de treinamento de bombardeiros B-2 sobre a Coreia do Sul.

“A declaração foi um ultimato do Exército coreano contra os imperialistas americanos”, declarou um porta-voz no início da manifestação. Sob as imagens gigantes do pai de Kim Jong-Un, Kim Jong-Il, e de seu avô Kim Il-Sung, os civis e os soldados juraram obediência ao líder. “Vamos pegar em armas e bombas por nosso respeitado líder Kim Jong-Un”, gritaram.

Em caso de provocação imprudente dos Estados Unidos, as forças norte-coreanas ‘deverão atacar sem piedade o (território) continental americano (…), as bases militares do Pacífico, incluindo Havaí e Guam, e as que se encontram na Coreia do Sul’, declarou Kim, citado pela agência oficial.

Na quinta-feira, em um contexto de escalada de tensões entre as duas Coreias, dois bombardeiros furtivos B-2 sobrevoaram a Coreia do Sul, uma maneira de os Estados Unidos ressaltarem sua aliança militar com Seul em caso de agressão do Norte. Segundo a agência oficial, Kim Jong-un disse que o voo dos bombardeiros furtivos equivale a um “ultimato e demonstra que querem lançar a qualquer preço uma guerra nuclear”.

O chefe do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia, o diretor de operações e o comandante de operações estratégicas e foguetes estiveram presentes na reunião de emergência, realizada nesta sexta-feira às 00h30 locais (12h30 de quinta-feira no horário de Brasília), segundo a KCNA.

Washington não costuma anunciar os voos de treinamento do B-2, um avião projetado para entrar nas linhas inimigas e bombardear alvos estratégicos a partir de uma grande altitude (até 15.000 metros).

FONTE / FOTO: G1

Ditador norte-coreano manda apontar mísseis para bases dos EUA



O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou na noite de quinta-feira que as Forças Armadas do país fiquem em alerta a um ataque americano e pediu para que sejam apontados mísseis para os Estados Unidos e as bases militares americanas no Pacífico.

A medida foi tomada horas depois de Washington enviar dois bombardeiros B-2, que têm capacidade de levar ogivas nucleares, para os exercícios militares que faz com os sul-coreanos desde o início do mês. O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, disse que o envio dos aviões não é uma provocação a Pyongyang.

Segundo a agência estatal KCNA, o norte-coreano fez uma reunião com generais e "julgou que é o momento de acertar as contas com os imperialistas". O país comunista informa que preparará os mísseis para atacar a parte continental dos Estados Unidos e as bases militares no Pacífico, incluindo as da Coreia do Sul.

Mais cedo, Chuck Hagel disse que os Estados Unidos estavam preparados para enfrentar qualquer ameaça dos norte-coreanos e que o perigo vindo do país comunista estava em aumento. "Devemos deixar claro que essas provocações da Coreia do Norte são levadas muito a sério por nós e responderemos a isso", disse.

Os dois B-2 Spirit partiram da Base Whiteman da Força Aérea do Estado americano do Missouri e dispararam munições artificiais contra um alvo no território sul-coreano, segundo um comunicado das forças americanas mobilizadas na Coreia do Sul.

Em comunicado, as Forças Armadas americanas disseram que o voo foi realizado no no âmbito de exercícios conjuntos organizados todos os anos entre as forças americanas e sul-coreanas, "demonstra a capacidade dos EUA de realizar ataques a grandes distâncias, rápidos e quando quiser".

As duas ações aumentam a tensão entre os norte-coreanos e os vizinhos do Sul e os Estados Unidos. O país comunista foi submetido a duas sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) por causa do lançamento de um foguete em dezembro e ao teste nuclear de fevereiro.

Além da preparação das tropas para o combate, os norte-coreanos cortaram as linhas telefônicas de contato com a Coreia do Sul e romperam o armistício com Seul, vigente desde o fim dos combates da Guerra da Coreia (1950-1953).


Imagem: Wikipédia 

nota do editor: As tensões aumentam na península coreana, estamos presenciando novamente uma corrida de mísseis, a questão é, será que economia estadunidense suportaria uma guerra destas proporções?

quinta-feira, 28 de março de 2013

Sinaval apura R$ 8,7 bi de investimento em 9 estaleiros



Os investimentos nos nove estaleiros em construção no Brasil somam R$ 8,7 bilhões, segundo expôs o Sindicato da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) em seminário promovido no Rio.

O secretário-geral do Sinaval, Sergio Leal, reconhece que alguns dos estaleiros estão com o cronograma atrasado, mas diz acreditar que a indústria vai conseguir atender às demandas do setor.

O diretor de engenharia naval da Marinha, Almirante Francisco Deiana, reclamou de dificuldades para conseguir abrir licitações, dado o alto número de encomendas para o setor de petróleo. A Marinha, diz, tem demanda por embarcações menores, mas com tecnologia avançada, como no caso de navios-patrulha.

“A indústria naval está com carteira lotada até 2017, sem capacidade de absorver essas (demandas) de alto valor agregado”, disse. “Não conseguimos espaço para colocar nossas encomendas”.

O almirante, responsável pela área de licitações, também fala da dificuldade de estaleiros estrangeiros fazerem parcerias com brasileiros para transferência de tecnologia.

Leal, do Sinaval, reconhece que há um atraso nesta área, mas que o sindicato está estudando o plano de reaparelhamento da Marinha e espera apresentar melhora no próximo ano.

O secretário executivo informa que há cerca de duas semanas foi assinado o contrato de terraplenagem do novo estaleiro EBR, que será construído na pequena São José do Norte (RS). Hoje a cidade produz cebolas e pescado. “Uma cidade que praticamente parou no século XIX e agora vai mudar sua vocação”, disse.

A empresa Estaleiros do Brasil (EBR) e a Technip/Techint venceram a concorrência da Petrobras para integração das plataformas P-74 e P-76, programadas para a área da cessão onerosa.

O estaleiro tinha início de construção esperado para janeiro ou início de fevereiro, de forma a cumprir o cronograma de início de construção dos primeiros módulos em outubro.

Emprego

O Sinaval também informou que o número de empregos gerados pela indústria naval caiu quase 10% no primeiro trimestre deste ano, de 62 mil postos até dezembro de 2012, para 54 mil postos em março de 2013.

Sergio Leal disse que a redução é considerada normal, já que o setor apresenta oscilações naturais. “Não há como o número ser constante”, disse no seminário.

A previsão do sindicato é de que o emprego vai aumentar para 100 mil postos até 2017, considerando-se os nove estaleiros virtuais em implantação no Brasil (24,7 mil postos) e a demanda nos estaleiros já em operação (15,3 mil).


FOTO: Agência T1

terça-feira, 26 de março de 2013

Brics rejeitam acusações de serem ‘novos imperialistas’ na África




“Brics, não dividam a África” diz um cartaz no salão de uma igreja no centro de Durban, onde ativistas da sociedade civil se juntaram para lançar um olhar crítico sobre a cúpula dos cinco poderes globais emergentes. O slogan invoca a conferência do século 19 em Berlim, onde os países coloniais europeus predominantes repartiram o continente africano em uma corrida que o historiadores vêem como a personificação do capitalismo explorador da época.

Décadas depois que os africanos se livraram do jugo colonial, é a vez do grupo dos países emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) verem seus motivos sendo analisados, à medida que eles proclamam em tom altruísta uma “parceria para o desenvolvimento, integração e industrialização” com a África.

Liderados pelo gigante emergente, a China, os Brics são agora os maiores parceiros comerciais da África e formam o maior novo grupo de investidores. O comércio entre os Brics e a África deve superar 500 bilhões de dólares até 2015, com a China abocanhando consideráveis 60 por cento do total, de acordo com o Standard Bank. Os líderes dos Brics insistem em apresentar o grupo –que representa mais do que 40 por cento da população mundial e um quinto do Produto Interno Bruto (PIB)– em uma moldura calorosa de cooperação benevolente entre Sul-Sul, um contrapeso essencial ao “velho” Ocidente e um melhor parceiro para as massas pobres do mundo em desenvolvimento.

“Nós achamos que há muito tapinha nas costas”, afirmou Patrick Bond do centro de Sociedade Civil da Universidade de KwaZulu-Natal, que ajudou a organizar uma reunião alternativa “Brics-de-baixo” em Durban para obscurecer a reunião de cúpula dos Brics na terça e na quarta-feira. Bond e outros críticos do lema Sul-Sul dos Brics dizem que os países em desenvolvimento que recebem investimento e assistência dos novos poderes emergentes precisam olhar de perto, e com firmeza, os acordos que estão sendo firmados.

Debaixo da aparência fraternal, Bond vê uma “competição imperial incoerente” sem diferenças com a corrida do século 19. Segundo ele, os membros dos Brics estão explorando e cobiçando de maneira similar os recursos africanos, sem impulsionar suficientemente a industrialização e a criação de empregos, muito necessários no continente. Esta visão ganhou alguma força na África com cidadãos desde Guiné e Nigéria a Zâmbia e Moçambique vendo cada vez mais as companhias brasileiras, russas, indianas, chinesas e sul-africanas arrematando acordos multibilionários de petróleo e mineração e grandes projetos de infraestrutura.


Muitos destes negócios estão sob escrutínio de grupos locais e internacionais de direto. Muitos desses acordos tem enfrentado críticas de que concentram-se fortemente na extração de matéria-prima, que não são transparentes e que não geram emprego e benefícios ao desenvolvimento suficientes para os países que os recebem –mesmas críticas feitas muitas vezes a empresas do mundo desenvolvido do Ocidente.

Nova forma de imperialismo 

Ativistas anti-pobreza afirmam que as grandes empresas dos Brics que atuam na África buscam o lucro, assim como as empresas do mundo rico. “Questões de ganância são universais e seus atores vêm tanto do Norte e como do Sul”, disse Wahu Kaara, ativista pela justiça social do Quênia e coordenador da Rede de Alívio da Dívida do Quênia que participa da reunião “Brics-de-abaixo”.

Essa desconfiança em relação aos novos investidores na África tem também permeado alguns círculos governamentais no continente. Alertando que a África está se abrindo a “uma nova forma de imperialismo”, o presidente do Banco Central da Nigéria, Lamido Sanusi, acusou a China, agora a segunda maior economia do mundo, de agravar a desindustrialização e o subdesenvolvimento da África.

“A China leva nossos bens primários e nos vende manufaturados. Esta foi também a essência do colonialismo”, escreveu Sanusi em uma coluna de opinião no dia 11 de março, no jornal Financial Times.

“África deve reconhecer que a China – como os EUA, a Rússia, a Grã-Bretanha, o Brasil e o resto – está na África não no interesse africano, mas no seu próprio interesse”, acrescentou Sanusi. Os chineses e outros líderes dos Brics rejeitam indignados as críticas de que o grupo representa um tipo de “sub-imperialismo” no engajamento político e econômico crescente com a África.

Zhong Jianhua, o enviado especial da China para a África, disse à Reuters que a história comum da China e da África de resistência ao colonialismo coloca seu relacionamento em um nível diferente. “A China foi intimidada por outros no passado, e assim foi a África. Esta experiência compartilhada significa que eles têm muito em comum. Esta é a vantagem da China e a razão pela qual muitos países ocidentais estão em desvantagem”, disse ele em entrevista à Reuters.

Zhong acrescentou que a China deve incentivar suas empresas a formar e contratar mais trabalhadores africanos, respondendo a queixas de que investidores chineses muitas vezes usam suas próprias forças de trabalho. Catherine Grant-Makokera, do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), disse que os governos dos Brics operam visivelmente de modo diferente do Ocidente na forma como oferecem financiamento e auxílio para as nações da África.

“Você tem visto uma maior disposição dos agentes mais novos para investir em coisas como infraestrutura pesada, seja por meio do financiamento ou simplesmente subvenções ou doações”, disse Grant-Makokera, chefe do programa para a diplomacia econômica do SAIIA. Ela reconheceu, contudo, que a abordagem dos Brics no auxílio ao desenvolvimento, ao mesmo tempo que oferece respostas mais rápidas dos projetos, muitas vezes é menos contida por questões ambientais e trabalhistas. Isso levou a acusação de que empresas dos Brics, em sua pressa para desenvolver projetos de recursos naturais, desrespeitam os direitos das comunidades locais e o meio ambiente.

A gigante brasileira da mineração Vale, nomeada em 2012 pelo grupo suíço sem fins lucrativos Public Eye como a empresa com o maior “desprezo para o meio ambiente e os direitos humanos” no mundo, defende sua ação em Moçambique, onde está investindo bilhões de dólares na exploração de carvão e infraestrutura.

A Vale tem enfrentado manifestações violentas de moçambicanos que exigem maiores benefícios e são contra os deslocamentos forçados das populações locais. O chefe das operações da Vale na África, Ricardo Saad, disse que o fato de a empresa ter experimentado “problemas” não significa que poderia ser acusada de comportamento “neocolonialista” na África. Ele disse que as potências coloniais só vieram e tomaram os recursos do continente, sem consultar o povo, e que os contratos atuais são negociados com governos e comunidades. “A partir do momento que eu procuro uma licença para operar, onde você fala com a comunidade, onde tudo que você faz tem autorização e planejamento prévio do governo, eu não posso dizer que é neocolonialismo”, disse Saad à Reuters.

Analistas de desenvolvimento dizem que os Brics, com suas economias, governos e prioridades competitivas radicalmente diferentes, ainda precisam demonstrar que podem mudar as estruturas de poder global para o benefício dos pobres e desprivilegiados do mundo. “O fato de que eles estão pressionando por um novo equilíbrio de poder no mundo tem de ser salientado como uma coisa positiva … eles têm novas vozes”, disse Nathalie Beghin da organização brasileira pró-democracia INESC.

Catherine Grant-Makokera, do SAIIA, diz que os Brics oferecem aos países em desenvolvimento outras opções de ajuda e investimento como alternativa aos velhos parceiros ocidentais. “Pelo menos você tem uma diversidade agora, eu não acho que isso pode ser subestimado”, disse ela.

 Reuters   Pascal Fletcher

IMAGEM: blog do planalto

Coreia do Norte põe tropas em posição de combate e mira EUA

A Coreia do Norte colocou nesta terça-feira (26) suas tropas em posição de combate, com armas apontadas para alvos americanos em Guam (na Oceania), no Havaí, e também no continente dos Estados Unidos.

O governo norte-coreano ordenou que suas unidades de mísseis estratégicos estejam prontas para disparos.

“O comando superior do Exército Popular da Coreia declara que todas as tropas de artilharia, incluindo as unidades de mísseis estratégicos e as unidades de artilharia de longo alcance devem estar em preparadas para combate de classe ‘A’”, informa comunicado da Agência Central de Noticias Coreana, a “KCNA”.
Líder norte-coreano Kim Jong-un supervisiona exercício militar de suas tropas. (Foto: KCNA / Via Reuters)

A nova ameaça é represália aos novos sobrevoos de caças americanos sobre a península coreana, durante exercícios conjuntos com a Coreia do Sul.

A KCNA informou que as unidades de artilharia da Coreia do Norte também têm na mira alvos da Coreia do Sul.

“Mostraremos a dura reação de nossa Exército e povo”, diz a nota norte-coreana. “Para salvaguardar através de ações militares nossa soberania e dignidade”, acrescenta o comunicado.

Horas antes, a agência destacou que o líder norte-coreano Kim Jong-un dirigiu pessoalmente exercícios de defesa com fogo real na costa leste do país.
Tropas norte-coreanas fazem treinamento de chegada e defesa de costa em praia não identificada do país. Em meio ao momento de tensão internacional, o país colocou suas tropas em posição de combate, com armas apontadas para alvos americanos. (Foto: AFP/KCNA)

Pyongyang já havia ameaçado na quinta-feira passada atacar as bases militares americanas no Japão e Guam, como resposta aos voos de treinamento dos caças americanos B-52 na Coreia do Sul.

O ministro sul-coreano da Defesa, Kim Kwan-jin, ordenou as tropas a responder com dureza a qualquer agressão.

Segundo um porta-voz do ministério da Defesa da Coreia do Sul, “até o momento não houve nenhum movimento de tropas excepcional”.

A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, advertiu a Coreia do Norte que o “caminho para sobreviver” inclui o abandono dos programas nucleares e de mísseis, em uma cerimônia em memória aos marinheiros da corveta ‘Cheonan’.

Em março de 2010, 46 marinheiros sul-coreanos morreram em um ataque contra a corveta “Cheonan”, atribuído por uma investigação internacional a Pyongyang, que nega.

A China, principal aliada da Coreia do Norte, afirmou “esperar que as partes atuem com moderação para atenuar a tensão.

Apesar do lançamento com êxito de um foguete de longo alcance em dezembro – que a Coreia do Sul e seus aliados consideraram um teste de míssil balístico -, analista acreditam que Pyongyang ainda precisa de muitos anos para desenvolver um verdadeiro míssil intercontinental que possa atingir o território dos Estados Unidos.

Havaí e Guam também estariam fora do alcance de seus mísseis de médio alcance, que no entanto seriam capazes de atacar as bases militares americanas na Coreia do Sul e Japão

O líder norte-coreano Kim Jong-Un realizou nas últimas semanas visitas de inspeção a unidades de forças que estão posicionadas perto da linha divisória com a Coreia do Sul.

A linha divisória de fato (a chamada Linha Limítrofe Norte) entre os dois países não é reconhecida por Pyongyang, sob a alegação de que foi unilateralmente determinada pelas forças da ONU depois da guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.

No sábado, a agência oficial KCNA informou que Kim, que fez uma visita de inspeção a uma unidade das forças especiais, ordenou uma ação “na velocidade da luz” no caso do início de uma guerra.

Mísseis são disparados em treinamento do Exército da Coreia do Norte, sob vistoria de Kim Jong-un. (Foto: AFP/KCNA)


G1

Kim Jong-un acompanha ataque simulado com drones

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionou um ataque de drones em um alvo simulado Sul-coreano na ultima quarta-feira, 20 de março. Segundo a agência de notícias de Pyongyang, KCNA, as forças armadas derrubaram um alvo simulando um míssil de cruzeiro.

Kim foi informado de que o exército norte-coreano é capaz de lançar “ataques de precisão contra qualquer alvo inimigo.”

A Coreia do Norte aumentou seus exercícios militares em resposta ao que considera como “hostis” exercícios conjuntos da Coreia do Sul e os Estados Unidos, depois de novas sanções pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang, em resposta a um teste nuclear realizado em fevereiro.

Não se sabe se a Coréia do Norte possui drones, apesar de um relatório da agência sul-coreana de notícias Yonhap, no ano passado, afirmando que os norte-coreanos obtiveram drones da Síria para desenvolver drones de ataque.

“Os planos de ataque (com drones) foram atribuídos a rota de voo e hora com as metas da Coréia do Sul em mente, disse Kim Jong-un, acrescentando com grande satisfação que eles têm provado ser capaz de montar um super ataque de precisão em qualquer alvo dos inimigos “, informou a KCNA.

A KCNA também disse que uma unidade de defesa abateu com sucesso um alvo que imitou um “inimigo” míssil de cruzeiro Tomahawk.

A Coreia do Norte disse que revogou um armistício que encerrou a Guerra da Coréia entre 1950 e 1953 e ameaçou um ataque nuclear contra os Estados Unidos.

Embora a Coreia do Norte não tenha atualmente a tecnologia para realizar um ataque, os EUA informaram que iriam implantar baterias anti-mísseis no Alasca, para combater qualquer ameaça.

O relato da KCNA disse que Kim, 30, o terceiro de sua linha para governar a Coreia do Norte, daria ordens para destruir instalações militares em qualquer zona de guerra e também as bases americanas no Pacífico se o Norte foi atacado.

Mísseis da Coréia do Norte têm a capacidade de atingir bases no Japão e na ilha de Guam.

No começo do dia, a KCNA denunciou movimentos dos EUA que foram destinadas a encenar um “ataque preventivo nuclear” sobre a Coreia do Norte, citando a os voos de um bombardeiro B-52 dos EUA sobre a península coreana, bem como de um submarino nuclear armado.

Os EUA e a Coreia do Sul dizem que seus exercícios são defensivos.
A maioria dos especialistas militares dizem que o Norte provavelmente não vai lançar uma guerra total contra a Coreia do Sul e seu aliado, os EUA, devido ao seu armamento ultrapassado.

O mais provável seria Pyongyang encenar um ataque ao longo de uma fronteira marítima disputada entre os dois países, como o fez em 2010, quando bombardeou uma ilha sul-coreana, matando quatro pessoas.

Tal movimento seria um grande teste para o novo presidente sul-coreano Park Geun-hye que assumiu o cargo prometendo estreitar os laços com o Norte se este abandonasse seu programa nuclear.

Reuters – Via: CAVOK

Ministros sul-americanos vão à ONU para discutir Malvinas

A tentativa de retomar as discussões sobre a soberania das Ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos) é o tema principal das reuniões dos chanceleres da Argentina, do Uruguai, Peru e de Cuba, na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, por dois dias. Os ministros das Relações Exteriores, Héctor Timerman (Argentina), Luis Almagro (Uruguai e no exercício da presidência temporária do Mercosul), Bruno Rodríguez Parrilla (Cuba) e José Beraun Aranibar (Peru) têm reuniões hoje e amanhã.


A soberania das Ilhas Malvinas é reivindicada por argentinos e britânicos. Atualmente as ilhas estão sob domínio do Reino Unido. A disputa foi acirrada em 1982 por uma guerra que provocou mortes dos dois lados. O assunto é tema prioritário da agenda internacional do governo da Argentina.



A delegação de chanceleres deve ser recebida hoje pelo presidente da comissão especial da ONU, o embaixador equatoriano Diego Morejon Pazmino. O encontro ocorre no momento em que o governo do Reino Unidos promoveu um referendo, no qual a maior parte dos cerca de 2 mil moradores das ilhas optou pela manutenção do status de território autônomo britânico.


Os chanceleres também têm reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no dia 26. Por várias vezes, o secretário defendeu a busca de diálogo entre argentinos e britânicos referindo-se à questão das Malvinas. Em sua primeira audiência com o papa Francisco, no último dia 18, a presidenta Cristina Kirchner pediu a interferência dele nas negociações envolvendo as Ilhas Malvinas. Francisco é argentino e foi arcebispo de Buenos Aires.


Brasil terá US$ 30 bilhões em crédito em moeda chinesa

O acordo de swap de moeda entre os bancos centrais do Brasil e da China, que será assinado na terça-feira terá valor de 30 bilhões de dólares. Esse é o mesmo montante que já vinha sendo negociado desde o ano passado. O swap de moedas é uma linha de crédito em moeda local acertada entre dois países e que, em caso de necessidade, estará disponível para ambos.

A intenção de realizar o acordo nesse valor havia sido anunciada em junho do ano passado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após o encontro da presidente Dilma Rousseff com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, durante a Rio+20 na capital fluminense.

Em outubro de 2008, o Brasil fechou acordo semelhante com os Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed), como parte da estratégia para combate aos efeitos da turbulência financeira internacional daquele período, mas a linha nunca precisou ser utilizada.

A cerimônia de assinatura do acordo com a China, na terça-feira, terá a presença do presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e será realizada às 12 horas, horário local (7 horas no horário de Brasília), no Chief Alberti Luthuli International Convention Centre em Durban (África do Sul).


A China comprará 24 caças Su-35 russos dentre outras coisas

Rússia e China assinaram um acordo-quadro sobre o fornecimento de aviões Su-35 e submarinos da classe Lada, segundo informações veiculadas nesta segunda-feira, 25, pela Televisão Central Chinesa (CCTV). Em virtude do documento, firmado antes da visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Moscou na semana passada, o país asiático comprará 24 caças deste modelo, além de quatro embarcações, na maior venda de armas russas para Pequim nos últimos dez anos.
Enquanto isso, o Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, destacou como "fato emblemático" a visita de Xi Jinping ao ministério que comanda, no sábado, 23. "Para a Rússia, é mais uma confirmação de que o âmbito militar e técnico-militar é a prioridade na cooperação entre os dois países."
De acordo com a parte chinesa, Pequim está estudando a possibilidade de comprar mais armas russas, em particular, sistemas de defesa antiaérea S-400, motores pesados 117C, aviões de transporte Il-76 e porta-aviões Il-78.
Por sua vez, a imprensa russa informou este mês de março que, no final de 2012, a exportadora estatal de armas russas Rosoboronexport e o Ministério da Defesa da China assinaram um acordo preliminar sobre a entrega de 24 caças Su-35 para o gigante asiático. O valor do contrato é estimado em US$ 1,5 bilhão.
O submarino convencional do Projeto 677, classe Lada ou Amur-1650 em sua modalidade para exportação, pode navegar em imersão por mais de 25 dias, em comparação com uma média de 15 a 20 dias que alcançam os submersíveis estrangeiros.
O Amur-1650 é equipado com mísseis e torpedos universais e também pode destruir alvos terrestres mediante lançamentos múltiplos de mísseis de cruzeiro.


Governo federal inicia Exercício de Mobilização Nacional


Com o objetivo de preparar os pontos estratégicos do país diante de um possível ataque às suas infraestruturas, o governo federal promoveu hoje o 1º Exercício de Mobilização Nacional. Concentrado no Ministério da Defesa, representantes de diversos ministérios, empresas estatais e agências reguladoras tomaram contato com as diretrizes de logística e preparação doutrinária com vistas à elaboração do planejamento das próximas etapas que culminarão, entre os dias 12 e 21 de novembro, na Operação Charrua, que reunirá cerca de 10 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica na região Sul.

“Queremos reforçar a importância desse assunto para o nosso país. Não se trata de uma exclusividade do Ministério da Defesa. Nós somos o órgão central, mas precisamos da participação de todos os outros agentes para que possamos continuar pensando na nossa mobilização”, afirmou o Subchefe de Mobilização do MD, almirante Roberto Koncke Fiuza de Oliveira, ao concluir a reunião.

Mobilização Nacional

O encontro no MD teve por finalidade dar início às atividades de planejamento do Sistema Nacional de Mobilização (Sinamob), criado em 2007. Na reunião, foram programadas para a próxima semana visitas dos integrantes a unidades da Marinha e do Exército, no Rio de Janeiro. A equipe irá à Brigada de Infantaria Paraquedista, na Vila Militar, na próxima terça-feira (2/4).

No dia seguinte, os participantes irão ao Comando da Força de Submarino, em Niterói (RJ). A série de visitas termina na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Entre maio e setembro, o grupo tem outras reuniões setoriais antes da operação de adestramento prevista para novembro.

Exercício

Na primeira atividade hoje no MD, o coronel Eustáquio Neto, da Seção de Planejamento e Doutrina da Subchefia de Integração Logística, apresentou as diretrizes da política de mobilização nacional e as linhas gerais da Política Nacional de Defesa que norteiam as operações conjuntas e a interoperabilidade entre os diversos agentes públicos.

“De 2004 até o ano passado realizamos cerca de 40 operações conjuntas, onde pude constatar que as Forças Armadas já falam a mesma língua”, disse o coronel Eustáquio.

Na segunda parte da reunião, o tenente coronel Hermes Oliveira, da Subchefia de Logística Operacional, fez exposição sobre a logística militar conjunta onde destacou a importância de preparar todas as etapas em detalhes para assegurar o sucesso da mobilização. Segundo ele, sem o preparo logístico as chances de a operação ser bem-sucedida são nulas.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Segurança da Copa 2014 terá ‘drones’ da FAB e PF; Exército estuda compra

copa das Confederações servirá como teste no monitoramento com vants.
Defesa usa aeronaves para vigiar fronteiras e tem projeto de drone armado.



Tahiane Stochero

A segurança do espaço aéreo brasileiro durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 terá apoio de pelo menos seis veículos aéreos não tripulados – vants, como os drones são chamados em português – da Polícia Federal e da Aeronáutica. Os equipamentos já serão usados para monitoramento durante os jogos da Copa das Confederações, entre 15 e 30 de junho, que servirá de teste para os eventos dos anos seguintes.

O Exército, que desenvolve projetos de vants com empresas e institutos de pesquisas, pediu em 2013 a abertura de um crédito suplementar na Lei Orçamentária Anual para a compra de drones, também pensando em reforçar a segurança durante a Copa.

Em 18 de fevereiro, a FAB recebeu dois aviões não tripulados feitos pela empresa israelense Elbit, que custaram R$ 48,174 milhões e serão montados em Santa Maria (RS), de onde devem operar a partir de março. Duas outras unidades do modelo, que foram enviadas em 2010 para testes, ficarão no país pelo menos até o fim do Mundial.

Uma ordem de serviço para que a tropa e os drones estejam a postos para uso foi expedida pelo Comando de Defesa Aérea Brasileira (Comdabra) e já chegou ao Esquadrão Hórus, no Rio Grande do Sul, que abriga os equipamentos, segundo o coronel Donald Gramkow, comandante da unidade.

A primeira ação de vigilância de eventos internacionais usando drones foi em 2012, quando o Brasil sediou a Rio +20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável). Militares vigiaram dia e noite o local onde mais de 100 chefes de Estado estavam reunidos. Essa ação e os aprendizados da Copa das Confederações servirão de base para a construção de uma doutrina para o empregos de drones na Copa, na Olimpíada e em possíveis outros casos.

“Na Rio +20 e nas Operações Ágata, feitas nas fronteiras pelo Ministério da Defesa, realizamos várias missões conjuntas com outros órgãos de segurança pública, com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Polícia Federal e instituições estaduais e federais que possibilitaram a troca de informações e de inteligência. Enquanto monitóravamos o local com o vant, em tempo real, todos podiam ver as imagens em um centro de controle de acesso restrito. Em algumas vezes, percebemos que havia algo suspeito e avisamos o policiamento em terra para agir”, afirma o coronel Gramkow.

A PF tem dois drones israelenses Heron, feitos pela Israel Aerospace Industries Ltd (IAI), que chegaram ao país em 2010 por aproximadamente R$ 80 milhões. Esses vants, que ficam na Base Aérea de São Miguel do Iguaçu (PR), são os únicos para uso civil certificados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e são usados para obtenção de informações de inteligência e apoio ao combate ao narcotráfico e ao contrabando na fronteira com o Paraguai.

Os drones da PF, que estavam parados em 2012 devido a uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) voltaram a operar secretamente em dezembro do ano passado, auxiliando, inclusive, na realização de prisões. O TCU informou que o processo está em andamento e ainda em sigilo, e que não poderia fornecer informações. O projeto inicial englobava 14 aeronaves ao custo de quase R$ 600 milhões. Quase R$ 80 milhões já teriam sido gastos.

Centro de controle

Cada aeronave não tripulada é monitorada de um centro de controle, onde piloto e operador de sensores contam com mais de 10 telas de vídeo para que possam, por exemplo, localizar alvos, ver a posição do avião no radar e desviar de possíveis obstáculos no percurso.

“Os soldados acompanham as imagens enviadas e podem usar ainda outros instrumentos, como sensores de infra-vermelho, raio-x e imageador radar, que pode desenhar e mapear uma região mesmo com tempo encoberto por nuvens ou mau tempo”, diz Gramkow.

Com esse recurso, é possível detectar a presença de pessoas armadas nos estádios ou nas áreas restritas aos atletas, por exemplo. Não há definição sobre que jogos serão monitorados pelos drones, mas o emprego dos equipamentos será permanente durante a Copa.

Imagens captadas por drones podem permitir que a artilharia antiáerea do Exército intercepte com maior rapidez aeronaves que, por ventura, tentarem invadir a área dos estádios. O vant israelense da FAB, chamado de hermes, tem peso máximo de decolagem de 450 kgs e voa por até 16 horas seguidas. Seu raio de alcance é de até 200 km, voando a uma altitude que varia entre 3.048 metros e 4.900 metros.

Ao contrário dos Estados Unidos, que formam pilotos especificamente para drones, a FAB optou por manter o seu piloto de vant voando outro tipo de aeronave. “Piloto ruim não é o que não sabe pilotar, mas o que não sabe decidir, o que é inseguro e pode provocar acidentes. Um piloto de vant, sentado em uma sala, precisa ter consciência situacional, saber onde está voando e o que pode ocorrer, para poder reagir rápido”, diz o coronel.

Exército estuda compra

Até 2014 deve ficar pronto o Falcão, drone de mais de 800 kg, que está sendo produzido pela brasileira Avibras com investimento do Ministério da Defesa e que será vendido pela Harpia (empresa formada por Embraer, Avibras e a israelense Elbit, uma das líderes do ramo).

O modelo está entre os favoritos para ser adquirido pelos militares brasileiros, que já realizam uma pesquisa de mercado para a compra.

Além dos eventos internacionais no país, o Exército quer usar vants no monitoramento dos 17 mil km de fronteiras que o Brasil tem com 10 países. As aeronaves farão parte ainda do Sistema Proteger, que irá monitorar a Usina Hidrelétrica de Itaipu e outros locais estratégicos para o país.

Em relação à Copa, o Exército diz aguardar mudanças na legislação em relação a operação de vants em áreas povoadas para analisar se drones de pequeno porte podem ser usados para sobrevoar as cidades-sede dos jogos.

“O drone é a evolução do poder de combate, ele sintetiza tudo. Ele tem sensores capazes de localizar qualquer coisa, consegue transmitir a informação em tempo real para qualquer lugar – o que só o drone é capaz – e pode neutralizar e eliminar a ameaça naquele exato momento. É uma arma completa”, diz o general da reserva do Exército Alvaro Pinheiro, que é especialista em terrorismo e táticas de guerra e defensor da capacidade brasileira em operar drones com armas.

“É evidente que o Brasil precisa ter capacidade de operar drones, tanto para vigilância para combater. O drone é cirúrgico, é um instrumento de apoio ao combate exatamente para diminuir efeitos indesejáveis, como a morte de inocentes ou destruição de locais errados”, defende.

Atualmente, um terço das aeronaves da Força Aérea dos Estados Unidos já são drones. São mais de 7.800 unidades, a maioria estacionada no Oriente Médio. Especialistas dizem ainda que quase metade dos pilotos que os militares americanos estão formando hoje é exclusiva para drones.

“O Falcão ainda não voo, porque os investimentos são altos. Espera-se uma encomenda alta das Forças Armadas ainda em 2013 para que entre na fase de testes”, diz Flávio Araripe de Oliveira, coordenador do projeto da FAB em parceria com a Avibras.

América Latina

A realocação de drones americanos para a América Latina após o fim das guerras no Iraque e no preocupa os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Em 2012, o general Norton Schwartz afirmou drones de multicapacidades, que estão sendo retirados do Oriente Médio, passarão a operar na América para missões de espionagem e combate ao tráfico, em especial no Caribe, Colômbia e México.

Dias depois, em 28 de novembro, 11 países que integram o bloco deciriram construir um drone conjunto, sob comando do Brasil. No evento, realizado no Peru, o vice-presidente, Michel Temer, disse que o país já estava desenvolvendo um modelo para uniformizar o sistema de voo de aviões não tripulados na América Latina e também proteger a Amazônia.

“Há possibilidades enormes do uso militar de vants na América Latina. Mas seria um avião de maior porte e que pode até dar apoio a caças. A maior preocupação é com acidentes e riscos envolvendo sobrevoar áreas populosas. Por isso, o seu voo seria em alta altitude”, explica o capitão José Augusto de Almeida, do Departamento de Ciência e Tecnologia da FAB.

A Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde) defende que o governo adquira produtos nacionais. Dentre os made in Brasil em desenvolvimento, o Falcão é cotado até para exportação após ter recebido R$ 40 milhões de arpote do Ministério da Defesa para ser concebido.

“Estamos na fase de configuração para atender às exigências dos militares, fazer ensaios no terreno e preparar a produção de um lote piloto de quatro unidades. Alguns testes já foram feitos em Pirassununga (SP)”, diz Renato Tovar, diretor da Avibras.

“Esperamos que ainda em 2013 seja assinado com o Ministério da Defesa um contrato de desenvolvimento, no qual serão feitos ensaios de voo do Falcão”, disse ao G1 o vice-presidente de operações da Embraer, Eduardo Bonini.

“O Falcão será o nosso vant nacional. Estamos aguardando que as Forças Armadas nos enviem a configuração de sensores que precisam, para que o projeto possa avançar”, acrescentou o presidente da unidade de negócios Defesa e Segurança da Embraer, Luiz Carlos Aguiar.

Compra de vant nacional


No programa “Café com Presidenta” exibido em cadeia nacional de rádio em 21 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff explicou para a população para que servem os aviões e destacou que vants da FAB e da PF foram usados para localizar laboratórios de refino de cocaína em operações conjuntas com Bolívia, Colômbia e Peru.

“Vant é um avião pequeno que voa sem piloto. Esse avião faz o mapeamento de regiões de difícil acesso, registrando imagens em altíssima resolução e transmitindo essas imagens. Mesmo à noite, ele consegue enxergar a ação dos criminosos sem ser percebido por eles. Com isso, os agentes identificam mercadorias suspeitas que atravessam a fronteira brasileira pelos rios, identificam garimpos ilegais e também pistas clandestinas usadas pelo tráfico”, disse Dilma.

“Nós trabalhamos pela segurança das famílias nas cidades brasileiras e por uma convivência de paz e harmonia com os países da América do Sul”, completou a presidente na ocasião.

O Ministério da Defesa informou ainda analisar a quantidade e o modelo de aeronave que será comprada, mas que “estuda ajudar a indústria nacional por meio de aquisições” .

O governo brasileiro pode, eventualmente, controlar as exportações. Além disso, em parceria com a Avibras, está sendo criado um sistema de navegação, controle e pilotagem de drones, que poderá ser utilizado em aeroportos ou vants em qualquer lugar do país.

Drone como arma
Além dos drones de vigilância, as Forças Armadas também querem ter a possibilidade de, no futuro, colocar mísseis em seus vants. O Ministério da Defesa e Avibras confirmaram ao G1 ter projetos para produção e emprego de um “drone de combate”, mas ainda estudam o tema com cautela.

O drone capaz de receber armamento teria configuração especial, com eletrônica e aviônica diferenciadas. “Isso depende também de que tipo de armas o governo gostaria de usar, para que fins, se será para o Pré-Sal, para fronteiras terrestres, etc”, completou.

“A Avibras tem uma versão futura para colocar armamento no Falcão, caso algum cliente venha a pedir. Também há um projeto para uso em patrulhas marítimas, com sensores e radares diferenciados capazes de localizar navios e submarinos no mar”, diz Flávio Araripe.

As Forças Armadas possuem, segundo o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012, pelo menos 8 projetos que visam a aquisição de drones, entre 2013 e 2030, tanto para vigilância do mar como controle do espaço aéreo.

Os estudos seguem a Estratégia Nacional de Defesa, decreto publicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008, que aponta como uma de suas diretrizes básicas “programas de veículos aéreos não tripulados (vants), primeiro de vigilância e depois de combate”, se o país quiser ganhar projeção internacional e prevenir ataques a seu território nos próximos 20 anos.

Segundo o texto, os drones com armas, conhecidos como Predadores (Predator, do nome em inglês), serão para o país “meios centrais, não meramente acessórios, do combate aéreo”.

“A indústria de defesa espera um investimento maciço das Forças Armadas para alavancar o setor que, devido às atuais normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não pode usar comercialmente o produto. O Brasil tem muito a crescer no uso militar dos vants”, defende Antonio Castro, da Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde).

O Ministério da Defesa ressaltou que as aplicações atualmente vislumbradas para estes veículos “são variantes da missão de reconhecimento e sem armas”, mas que “isso não significa que essas aeronaves não possam ser utilizadas em combate”.

Os Estados Unidos logo perceberam o potencial militar de drones e passaram a usar a nova tecnologia para atacar alvos no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, além de monitorar outros países. A eficácia das missões, entretanto, é contestada por organizações de direitos humanos, que apontam um grande número de inocentes entre as vítimas dos bombardeiros e contestam a legalidade do emprego militar desse recurso. Críticos falam em “assassinatos sem julgamento”, “guerra suja” e “violação das leis internacionais”.

A Fundação Nova América, baseada em Washington, contabiliza 350 ataques desde 2004, a maioria durante o governo de Barack Obama, com número de mortos entre 1.963 e 3.293, incluindo entre 261 e 305 civis. Segundo o Escritório de Jornalismo Investigativo, em Londres, o número de vítimas fatais em ataques americanos com drones é maior, entre 2.627 e 3.457, sendo entre 475 e 900 civis. No dia 20 de fevereiro, o senador republicano Lindsey Graham, defensor do uso de drones em ataques militares, disse que o número de mortos soma cerca de 4.700 pessoas, incluindo inocentes.

Marinha usa drone nacional

Ao contrário da FAB, que optou por comprar drones de Israel, mais compatíveis com as especificações que precisava para vigiar as fronteiras do país, a Marinha usa o Carcará, um vant produzido pela brasileira Santos Lab e adquirido após uma licitação internacional.

Segundo Roberto Sbragio Júnior, diretor da empresa, os vants tem 2 metros de envergadura e pesam de 1,8 kg a 4 kg, movidos a bateria. Por serem militares, os Carcarás não precisam de autorização da Anac para operar e possuem custo de R$ 600 mil a unidade.

Os veículos da Marinha estão no Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, no Rio de Janeiro, e são usados desde 2007, quando foram empregados pela primeira vez em uma manobra de adestramento em Itaoca (ES). Em 2009, os fuzileiros receberam duas novas unidades, de um modelo de nova geração, que servem para inteligência.

A ideia agora é aplicar os drones embarcados em navios ou porta-aviões na costa brasileira para diagnosticar possíveis invasores. Até 2030, a Marinha pretende comprar mais 10 unidades: os primeiros cinco devem chegar até 2022. Os aviões serão usados para busca e salvamento em alto mar, monitoramento de plataformas de petróleo e reconhecimento de embarcações envolvidas em pesca predatória, extração mineral, pirataria, contrabando e crimes ambientais.

FONTE: O Globo

Nota do blog:
Está aí o nosso verdadeiro FX

sexta-feira, 22 de março de 2013

Países da Otan analisam ação militar na Síria

Alguns países da Otan analisam uma possível intervenção militar na Síria, que poderia seguir"a mesma sequência que na Líbia", inclusive através de uma resolução das Nações Unidas, disse nesta terça-feira, em Washington, o comandante supremo das forças da Aliança Atlântica, almirante James Stavridis.

Ao ser entrevistado pelo presidente do Comitê das Forças Armadas, em Washington, o almirante americano respondeu "sim" à pergunta sobre se alguns países consideram a possibilidade de eliminar as defesas aéreas do regime sírio.

Segundo Stavridis, "a Aliança decidiu que seguirá a mesma sequência que na Líbia" em 2011, quando a Otan agiu com base em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU e com o apoio de países da região.

"Estamos dispostos, se formos solicitados, a nos envolver como fizemos com a Líbia", disse Stavridis.

O atual papel da Otan no conflito sírio está limitado à instalação de baterias de mísseis Patriot ao longo da fronteira com a Turquia para evitar incursões aéreas e ataques de mísseis do território sírio.

"A situação na Síria vai de mal a pior: 70 mil mortos, um milhão de refugiados expulsos do país, provavelmente 2,5 milhões de deslocados dentro do território sírio e uma previsão de fim brutal para a guerra civil", destacou o chefe da força da Otan.


Fonte: EM

NOTA DO EDITOR
Novamente os terroristas e mercenários contratado pela OTAN Falharam na sua missão de derrubar um governo independente de Washington, a diferença é, que na líbia a OTAN teve a oportunidade de corrigir o erro e  impor a "ajuda humanitária ao povo líbio" que terminou com a queda do Presidente Muamar Kadafi, e a divisão da Líbia entre os chefes tribais e até hoje não vemos a "democracia" que se iria implantar. na Síria o povo está saindo às ruas para lutar contra os terroristas, e isto e que mantém a síria em pé, junto com o fato de que Russia e China ja se posicionaram contra qualquer intervenção militar estrangeira e aí está o problema, a OTAN seria capaz de desafiar as decisões de ambos?







 

Flexibilidade de Obama preocupa Pequim

Barack Obama, presidente, EUA
EPA

Os norte-americanos alteraram a sua conceção de defesa antimíssil (DAM), o que proporciona ao Kremlin uma chance singular de estreitar suas relações com a Casa Branca. Para tal, Moscou não deve reparar nos subsequentes lances de Washington no tabuleiro da DAM, dizem alguns analistas norte-americanos. Contudo, o fato de estes lances se deslocarem para o flanco oriental não passou despercebido em Pequim.

Como é bem sabido, há uma semana, os EUA declararam ter decidido repensar o sistema de defesa antimíssil a ser criado, reorientando-o para o flanco norte-coreano. Washington suspendeu a criação da chamada quarta fase do sistema DAM na Europa. O que quer dizer que, em 2020, os mísseis intercetores norte-americanos SM-3 IIB não irão ser estacionados na Polônia e Romênia, países próximos das fronteiras da Rússia.

Esta decisão proporciona à Rússia uma oportunidade perfeita para pôr fim à cantilena infinita de discussão com os Estados Unidos sobre as questões da defesa antimíssil, tão sensíveis para Moscou. Tal é a conclusão a que chega em seu artigo Richard Weitz, colunista da World Politics Review (WPR) e especialista sênior do Hudson Institute, de Washington. O autor carateriza de maneira respeitosa o presidente russo, assinalando que Vladimir Putin é um político muito pragmático e o único capaz de fechar a polêmica em torno da DAM para estabelecer relações de confiança com os Estados Unidos. Ao exemplificá-lo, lembra que o chefe de Estado russo já teria supostamente feito uma opção similar em 2001, quando, para não prejudicar a colaboração bilateral em matéria de combate ao terrorismo, não deu o alerta após a administração de George W. Bush ter decidido sair unilateralmente do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos.

Por outras palavras, o perito encontrou uma solução muito simples para um problema militar e político complicado: a Rússia pura e simplesmente não deve prestar atenção ao desenvolvimento subsequente do programa antimíssil norte-americano. A criação das três fases anteriores da DAM europeia já estão quase a terminar, enquanto a quarta fase irá ser alterada: quatorze mísseis intercetores adicionais e a segunda estação de radar serão instalados, respectivamente, no Alasca e no Japão. A par disso, está sendo discutida a questão de localizar mais uma base de antimísseis no estado da Califórnia.

Porquanto os EUA não alteraram, na essência, sua posição, Moscou não vê quaisquer concessões a favor da Rússia. Uma fonte no Ministério das Relações Exteriores da Rússia comentou a situação, enfatizando que as mudanças do programa antimíssil norte-americano não correspondem de maneira nenhuma à posição de Moscou, que exige garantias jurídicas obrigatórias de que o programa não é dirigido contra o potencial estratégico nuclear russo. Recordemos que, em março de 2012, no limiar da corrida presidencial estadunidense, Barack Obama prometeu a seu homólogo russo de então, Dmitri Medvedev, que, no caso de ser reeleito, mostraria flexibilidade em relação ao problema da DAM. No entanto, como salientaram na chancelaria russa, ainda não há motivos para falar numa maior flexibilidade dos norte-americanos.

A decisão de Washington de não realizar agora a quarta fase europeia da DAM não significa de nenhuma maneira que não seja realizada no futuro, assinalou em entrevista à Voz da Rússia o vice-diretor do Instituto dos EUA e do Canadá, Pavel Zolotarev:

“O presidente Obama tinha proclamado uma abordagem adaptativa da articulação do sistema de defesa antimíssil. Adaptativa, quer dizer, que pode adaptar-se a várias realidades em função das ameaças procedentes deste ou daquele flanco. A decisão tomada recentemente, em primeiro lugar, é uma resposta a essa abordagem. Mas, por outro lado, é uma decisão forçada, motivada pelos problemas econômicos dos Estados Unidos e condicionada pela procura de eventuais vias de cortar o orçamento. Não obstante, quando se dão situações semelhantes, os norte-americanos, regra geral, não rejeitam este ou aquele projeto de desenvolvimento. Costumam travar, congelar o financiamento num nível mais baixo, mas quando a situação se torna mais favorável, continuam a obra e aumentam o financiamento. Contudo, essa decisão, não há dúvida, ajudará a fazer concessões mútuas na procura de variantes de solução.”

Na realidade, como informou o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Ryabkov, no início desta semana, durante as negociações em Genebra com sua homóloga Rose Gottemoeller do Departamento de Estado dos EUA, foram apresentados novos dados à parte russa no contexto de resolução do problema da DAM. “A matéria introduz uma certa novidade na situação, mas agora não ousaria avaliar se as decisões tomadas pela administração dos EUA têm um sinal de mais ou o de menos”, diz o diplomata, citado pela RIA Novosti. De acordo com Serguei Ryabkov, ainda não há uma resposta inequívoca sobre as consequências que as recentes decisões da administração norte-americana possam ter para a segurança da Rússia.

Entretanto, as consequências da modificação da concepção norte-americana da DAM já foram avaliadas na China. Segundo informações de agências noticiosas, o Ministério das Relações Exteriores deste país assinalou que o reforço do sistema norte-americano de defesa antimíssil na Região Ásia-Pacífico não resolverá o problema da ameaça nuclear procedente da Coreia do Norte, mas provocará, sim, o agravamento da confrontação.

A recusa dos Estados Unidos de procederem à realização da quarta fase do sistema de defesa antimíssil na Europa não significa, em realidade, que Washington se recuse a desenvolver este programa, sublinhou em entrevista à Voz da Rússia o diretor do Centro de Conjuntura Estratégica, Ivan Konovalov:

“Na verdade, acaba de produzir-se uma situação em que os norte-americanos não vão ao nosso encontro, mas sim, por causa de determinadas circunstâncias e inclusive razões financeiras, simplesmente se recusam a realizar essa fase dispendiosa. Mas, por outro lado, eles estão reforçando o flanco da Ásia-Pacífico: serão instalados antimísseis adicionais no Alasca e um radar, também adicional, no Japão. Quer dizer que a ênfase está sendo deslocada em maior grau em direção à Coreia do Norte, e Pequim, enquanto aliado de Pyongyang, tem agora, bem como a Rússia, muitos motivos para expressar sua inquietação pela criação da defesa antimíssil.”

Contudo, as novas circunstâncias proporcionam à Rússia uma oportunidade de jogar com o balanço de forças, conjetura Ivan Konovalov, visto que, a partir de agora, a China também irá ser envolvida na polêmica em torno da defesa antimíssil. Este aspecto novo pode ser utilizado – quer do ponto de vista do pragmatismo, quer no que toca à política real – para uma maior aproximação entre Moscou e Pequim. Entretanto, os norte-americanos obtiveram, nesta questão, um terceiro oponente. Já a Rússia obteve um espaço adicional para manobrar, resolvendo com maior vantagem para si os problemas políticos que surgem entre Moscou e Washington.

No que respeita às recomendações acima referidas, nas quais Richard Weitz exorta a Rússia a terminar a controvérsia sobre a DAM, Moscou, ao que parece, irá proceder desta maneira se se convencer definitivamente de que a flexibilidade prometida por Barack Obama não será só uma promessa. A Rússia lamentará abandonar a discussão, mas fá-lo-á sem sentir constrangimento, porquanto é sempre possível encontrar respostas dignas – tanto simétricas como assimétricas – para quaisquer desafios.